As seguradoras estão a recusar fazer seguros de danos próprios, ou seguros “contra todos os riscos”, em carros usados e importados de modo a combater uma fraude que envolve a compra de automóveis no estrangeiro, valorização em Portugal e simulação de furto.
Na edição desta quinta-feira, o Jornal de Notícias avança que as seguradoras estão a recusar fazer seguros de danos próprios, mais conhecidos como seguros “contra todos os riscos”, em carros usados e importados para combater uma fraude que pode render 10 mil euros aos burlões.
Segundo explica o diário, a burla começa com a compra de automóveis no estrangeiro de gama média e alta e termina com a simulação de furtos. Além disso, os burlões inventam equipamento extra e aproveitam a diferença de valor dos automóveis nos mercados europeus – como Alemanha e França – e em Portugal.
Depois da aquisição dos automóveis no estrangeiro, os burlões legalizam os carros em Portugal com seguros contra todos os riscos e, mais tarde, são apresentadas as tais queixas por furto ou destruição total num acidente simulado. O lucro da burla está então na diferença entre o preço do mercado do carro no país em que foi comprado e o valor em Portugal, onde os automóveis da marca BMW e Mercedes usados são mais caros.
O diário contactou a Câmara Nacional de Peritos e Reguladores, além de diversas fontes de várias seguradoras, e todos confirmaram esta situação, sublinhando ainda que estão a ser dadas indicações aos agentes de seguros para que não formalizem contratos de danos próprios em carros usados e importados.
Este esquema de burla preocupa as seguradoras. Os contratos que acabam por ser celebrados são alvo de uma “avaliação rigorosa” por parte dos quadros intermédios da empresa, afirma ao JN um agente de seguros. “Só fazemos contratos de dados próprios em carros usados e importados se o tomador for de confiança e um cliente importante para a empresa”, acrescenta.
O jornal dá ainda um exemplo para explicar melhor esta situação. Um BMW de 2015, com pouco mais de 100 mil quilómetros, pode custar, na Alemanha, 15.500 euros, com o imposto sobre veículos a rondas os cinco mil.
Posteriormente, é feito um seguro no qual o automóvel pode ser avaliado em cerca de 30 mil euros devido à inclusão de equipamentos que o veículo não tem. Por último, o carro é dado como furtado ou destruído num acidente simulado e, além dos 30 mil euros de indemnização, o burlão pode ainda lucrar com a venda de peças no mercado negro.
No fundo, a fraude pode render 10 mil euros, embora tudo dependa do preço a que o automóvel foi comprado e dos equipamentos descritos na apólice.
Fonte: ZAP