O incêndio que lavra em Monchique há uma semana – considerado já o pior do ano na Europa – foi dado como dominado esta manhã, revelou a segunda comandante operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Patrícia Gaspar, ressalvou, contudo, que ainda não é o momento de cruzar os braços.
Em declarações numa conferência de imprensa em Monchique, Patrícia Gaspar disse que há ainda uma vasta área afetada pelo incêndio e que é preciso “manter a energia e a dedicação” para prosseguir com a consolidação do trabalho feito e responder com prontidão a eventuais reativações.
Patrícia Gaspar sublinhou ainda que o dia de hoje será adverso em termos de condições climatéricas, com um possível aumento de temperatura.
No mais recente balanço desta manhã, a Proteção Civil atualizou ainda o número de feridos – 41 pessoas ficaram feridas, uma das quais em estado grave.
O incêndio de Monchique já destruiu cerca de 27.000 hectares, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, tornando-o no maior este ano em Portugal.
O maior incêndio, em termos de área ardida, que se tinha verificado em Portugal este ano era o que deflagrou em fevereiro na Guarda, onde arderam 86 hectares.
Na véspera, Portugal dispensou dois aviões italianos
De acordo com o Diário de Notícias, o governo italiano disponibilizou no passado dia 1 de agosto dois aviões Canadair para apoiar Portugal no incêndio de Monchique. Na altura, a situação era definida “excecional e de alto risco de incêndio” devido às altas temperaturas.
A oferta italiana, enquadrada no mecanismo europeu de proteção civil, não chegou a ser concretizada porque no dia 2 de agosto – véspera do incêndio – Portugal terá dado indicações para que a ajuda dos meios aéreos italianos ficassem em stand-by.
Ministério da Administração Interna, contactado pelo DN, confirmou que foi acionado em Bruxelas, de forma preventiva, o mecanismo europeu.
“Portugal acionou preventivamente o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, antecipando a possibilidade de ter de reforçar o dispositivo de meios aéreos devido ao risco de incêndio previsto para todo o território continental”, explicou fonte do MAI.
O incêndio de Monchique acabou por “motivar um pedido de auxílio a Espanha, através do mecanismo bilateral, estando integrados no dispositivo 3 meios aéreos espanhóis”.
Prejuízos devem ultrapassar os 10 milhões
O presidente da câmara de Monchique, Rui André, estima que os prejuízos podem ultrapassar os 10 milhões de euros. Numa primeira estimativa global, o autarca ouvido pelo Público, considerou as cerca de 50 casas afetadas pelos fogos.
“Neste momento, e sem ter um levantamento exaustivo, teremos cerca de 50 habitações destruídas, totalmente ou parcialmente. Estamos neste momento a avaliar para percebermos as reais condições dessas casas, para podermos começar a fazer contas e vermos os prejuízos deste incêndio”, disse o autarca.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Monchique, no distrito de Faro, ainda não foi possível determinar se se trata de casas de primeira ou de segunda habitação, estando uma equipa multidisciplinar a passar pelas zonas afetadas pelo fogo.
“Penso que de primeira habitação, totalmente destruídas, serão menos de metade desse número [50]”, afirmou Rui André, sublinhando que existem também “anexos ou casas de apoio” afetados.
Relativamente ao número de pessoas deslocadas, o autarca referiu que, no total, serão cerca de 300 tiveram de ser retiradas das suas casas, mas que, à tarde desta sexta-feira, serão cerca de 100 as que ainda se mantêm em sete zonas de acolhimento.
Marcelo e Costa vão deslocar-se a Monchique
O primeiro-ministro vai deslocar-se às zonas afetadas pelo incêndio de Monchique com os governantes das áreas da habitação, agricultura, segurança social e turismo, numa visita de trabalho articulada com o Presidente da República, que irá depois ao terreno.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro informou esta sexta-feira que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa articularam entre si as deslocações a Monchique, ainda sem datas marcadas, após ter sido dominado o fogo que deflagrou nesta zona do Algarve.
As deslocações estão organizadas em três fases, acrescentou a mesma fonte. A primeira é a deslocação do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que acontece já nesta sexta-feira.
Segue-se a deslocação liderada pelo primeiro-ministro numa vertente executiva e numa terceira fase, acontecerá a deslocação do Presidente da República também para se inteirar da situação.
No último dia, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa evitaram deslocar-se até Monchique para não atrapalhar as operações no terreno. Santana Lopes tentou chegar à área algarvia afetada, mas acabou por ser barrado.
Fonte: ZAP