A deputada do PSD Maria das Mercês Borges votou o Orçamento de Estado para 2019 por Feliciano Barreiras Duarte, deputado parlamentar dos sociais democratas e antigo secretário-geral do partido.
O caso de “voto-fantasma”, que surgiu pouco depois das falsas presenças no Parlamento de José Silvano (PSD), é agora explicado o pelo Observador. De acordo com o jornal, Mercês Borges, que era a coordenadora pelo partido na Comissão do Trabalho e Segurança Social, presidida pelo próprio Feliciano, registou o colega às 18:31 de 30 de outubro, cinco horas depois de este ter saído do Parlamento devido a uma urgência hospitalar.
Entretanto e face às notícias que a implicam no falso registo de Barreiras -duarte, a deputada pediu esta quinta-feira a demissão de todos os cargos em que representava o grupo parlamentar.De acordo com uma nota de imprensa da bancada social-democrata, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, já aceitou este pedido de demissão.
“Perante as últimas noticias vindas a publico, a deputada do PSD Maria das Mercês Borges pediu hoje a demissão de todos os cargos em que representava o grupo parlamentar ao presidente do grupo parlamentar Fernando Negrão”, refere a nota.
A deputada Maria das Mercês Borges era presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade e coordenadora da bancada do PSD na Comissão do Trabalho.
Em declarações ao Observador, Maria das Mercês Borges admitiu que “é possível ter carregado no botão” no momento em que foi verificado o quórum para a votação do OE2019 na generalidade, levando o sistema a admitir de imediato a presença do deputado Barreiras Duarte no plenário quando este não estava presente.
Contudo, a deputada social-democrata garante não ter sido a responsável pelo login de Barreiras Duarte. “Não consigo precisar se o registei, se carreguei ou não carreguei. Sei que [Barreiras Duarte] saiu em pânico por causa do filho, totalmente desesperado, por isso posso ter carregado porque fazemos isso muitas vezes“, admitiu.
“Se quiserem pôr as imagens que mostram isso, coloquem, eu não vou dar uma conferência de imprensa como a outra deputada”, acrescentou ainda referindo-se a Emília Cerqueira que disse ter registado “inadvertidamente”, e por duas vezes, as presenças do deputado José Silvano na Assembleia da República.
Eleita pelo círculo de Setúbal, a deputada disse ao Observador que pode “ter carregado no botão porque a ideia que tinha era que Feliciano ia voltar. Não foi com nenhum instinto de maldade, não foi por vigarice“. “Que atire a primeira pedra quem não sabe que isto acontece”, notou, afirmando já ter carregado no botão por vários colegas.
“Isto não é só no PSD que acontece, é em todas as bancadas”, garantiu Mercês Borges.
Fonte autorizada por Feliciano Barreiras Duarte, esclareceu ao jornal que o deputado não pediu a ninguém que votasse por si. “Não teve qualquer vantagem pecuniária ou política por se ter ausentado, o seu voto ou ausência dele era irrelevante para o resultado final da votação, dado que havia disciplina de voto e o PSD votava em bloco. E [Barreiras Duartte] já se dirigiu aos serviços do Parlamento pedindo para marcarem falta à votação e justificando as razões da ausência.”
A fonte que, segundo o jornal, é um amigo assessor que ajuda o deputado em momentos de crise, acrescentou ainda que Barreiras Duarte não tem mais nada a dizer sobre o assunto do que aquilo que já disse. “[O Feliciano] esteve no Parlamento toda a manhã, teve que se ausentar por um motivo familiar premente (é do conhecimento geral a situação que tem vivido relativa a problemas de saúde de um filho, sobre a qual não quer alongar-se e pede respeito)”, rematou.
Barreiras Duarte este presente na AR desde o início da sessão parlamentar, que se iniciou pelas 10 horas, tendo-se ausentado pouco depois das 13 horas.
Fonte: ZAP