Na última quinta-feira, uma tourada em Albufeira foi interrompida por ativistas dos direitos dos animais, que invadiram a arena em protesto. Os ativistas acabaram detidos pela GNR, mas continuaram a ser agredidos mesmo depois de já estarem algemados.
Na passada quinta-feira, dia 9 de agosto, o pânico instalou-se numa corrida de touros em Albufeira. A arena foi invadida por ativistas dos direitos dos animais, tendo a tourada sido interrompida imediatamente.
“Stop torture”; “Stop bullfight”; “Love animals” e “Tourist boycott”. Estas foram as palavras que os três ativistas escreveram no peito e nas costas, em defesa dos direitos dos animais. Entre os indivíduos responsáveis por esta ação estavam dois portugueses, Artur Nascimento e Hélder Silva, e um holandês, Peter Janssen, ativista do Vegan Strike Group.
Peter Janssen já fez cerca de 40 ações de protesto desde 2015, nas quais interrompeu touradas em vários países.
Segundo o Diário de Notícias, os três indivíduos invadiram a arena e foram imediatamente perseguidos por dois militares da GNR e vários outros homens. Um vídeo, publicado no Facebook por Janssen, mostra os ativistas a serem retirados pela GNR da praça de touros, algemados.
Tanto os três detidos como os próprios guardas são perseguidos por várias pessoas que os agridem. Já algemados, os detidos foram pontapeados e atacados com uma bandarilha por apoiantes da tourada, tendo sido repetidamente agredidos no corredor.
Mas as agressões não ficaram por aqui. Mónica Gaspar, gerente de um restaurante e de uma loja veganos em Albufeira, encontrava-se junto à praça de touros quando viu “cerca de 20 pessoas com paus de madeira e bandarilhas a bater nos ativistas e nos agentes”.
“Havia um homem que creio estar ligado ao toureio a cavalo a incitá-los: «Têm de levar mais, filhos da puta, morram.» Fui dizer para pararem e dois agarraram-me pelos colarinhos, bateram-me na cara, deram-me pontapés“, conta ao DN.
Um grupo de lisboetas, que passeavam naquela rua, viram dois homens a “agredir brutalmente” Mónica. Pedro Pereira, que estava de férias no Algarve, decidiu intervir. “Mas aí apareceram vários a agarrar-me e a tentar bater-me. Ainda consegui desviar-me, tenho um metro e oitenta e sou ágil, mas veio um por trás que me bateu com um pau e me abriu a cabeça.”
Pedro Pereira diz que a sua mulher conseguiu ver a cara do agressor, mas “quando pedimos à GNR, que entretanto tinha chegado, para ir à praça e ao pé dos camiões dos cavalos tentar encontrá-lo, não se dispuseram a isso.”
Que se saiba, não há imagens das agressões que aconteceram na rua, fora da praça de touros de Albufeira. Carla Sananda, que poderá ou não ter filmado essas cenas, diz ao DN que a GNR lhe apagou o conteúdo do telefone.
“Tirei fotos e filmei. Aquilo ficou muito feio. Os ativistas ficaram muito maltratados, apesar de os polícias terem tentado protegê-los. Aí foram impecáveis, um GNR até ficou com dedos partidos por tentar defendê-los”, conta a mulher.
No entanto, quando Carla Senanda chegou à rua onde aconteciam as agressões desenfreadas, afastou-se para ligar para uma amiga “quando uma mulher ligada à empresa da praça me tirou o telefone e disse aos GNR que eu estava a filmar”.
“Um deles, em vez de me perguntar alguma coisa, fez-me logo uma chave ao pescoço. Veio outro que me dobrou, pôs-me a cabeça nos joelhos. A seguir um deu-me o telefone de volta, dizendo que tinha apagado tudo”, descreve Carla.
O Comando Nacional da GNR disse ao jornal que “no decorrer do evento de tauromaquia verificou a existência de confrontos físicos entre aficionados e ativistas, o que obrigou à intervenção da GNR, no sentido de garantir a integridade física dos manifestantes”, tendo o Comando Territorial de Faro mobilizado “os meios necessários para repor a ordem pública”.
Além disso, confirma ainda que recebeu a queixa de Mónica Gaspar. No entanto, não respondeu às perguntas sobre a alegada agressão a Carla Sananda. “No exterior do recinto, a GNR foi chamada a intervir devido a um conflito existente entre duas mulheres, motivado pela posse indevida de um telemóvel, tendo o mesmo sido recuperado pelos militares e devolvido à legítima proprietária”, diz apenas.
Hélder Milheiro, porta-voz da Federação Portuguesa de Tauromaquia, fez saber que os ativistas que invadiram a arena têm o hábito de “provocar distúrbios e apresentar-se como vítimas”.
“É um grupo sediado em Espanha pago por fundos internacionais de origem desconhecida e que se dedica a ações deste tipo”, afirma. ” Lamentamos qualquer excesso que tenha acontecido. Mas não vou colocar aqui de repente estes mercenários internacionais como pequenas vítimas. Trata-se de uma ação provocatória e atentatória aos direitos dos outros cidadãos, conclui o porta-voz.
Fonte: ZAP